terça-feira, 5 de agosto de 2014

Ponyo. Ponyo.

Há uns dias, um amigo nosso veio cá jantar com as filhas, a P., de 8 anos, e a R., de 5. São as melhores ajudantes do mundo: arrumaram os brinquedos do M., deram-lhe banho, vestiram-no. Fiquei tão entusiasmada que nesse momento achei que podia ter mais filhos, vários, e que tudo ia correr bem e que íamos todos contribuir para as tarefas da casa e, e... 

Para agradecer a ajuda das meninas, pusemos um dos nossos filmes preferidos. Queríamos partilhar com elas uma das muitas maravilhas criadas por Hayao Miyazaki. Queríamos agradecer-lhes com uma história de amor, de amizade, de partilha, de compreensão - uma história tão bem estruturada que não despreza as pontas soltas, que reconhece o valor que têm para que nunca nos libertemos dela. Chama-se Ponyo.



O P. pôs o filme. As meninas viram uns segundos. Reclamaram. O P. passou o filme da versão japonesa para a versão inglesa. As meninas viram uns segundos. Reclamaram. Os adultos jantaram. O filme continuava a dar. As meninas continuavam a reclamar. Os adultos ocuparam o sofá, ficaram colados à televisão. As meninas abandonaram o sofá, foram brincar com os carrinhos do M.. Os adultos começaram a fazer comentários: "Isto é tão bonito. Olha que lindo. Adoro este filme. Vi-o pela primeira vez no cinema. Já o vi, depois disso, mais 20 vezes. Com os miúdos todos. E sem os miúdos. Tão lindo. Oh, cuidado, Ponyo!". Etc. Etc. As meninas olhavam estarrecidas para nós. Arregalaram os olhos quando os nossos ficaram cheios de lágrimas. Aceitaram a nossa loucura quando, no fim, nos abraçámos por ser um final feliz. O P. perguntou: "Não é lindo?". E a resposta das meninas foi rápida e fulminante: "Só se for para ti". 

Um dia, as meninas vão rir-se com esta história. E não vão acreditar nela. Porque nessa altura já acreditarão em Ponyo. PIM!

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