No momento em que o adolescente F. resiste a conversas, revirando os olhos sempre que o interpelamos (ele que tanto me contava quando enfrentávamos o trânsito da cidade...), o M. apodera-se desse espaço deixado vago pelo primo. Parece que é assim que funciona a lei das compensações. O que só me consola se pensar que teremos, neste lado da família, um adolescente de cada vez, até porque o A., grande fã de diálogos ao telefone, dificilmente permitirá que a adolescência o afaste de dois bons dedos de conversa.
Todos os dias, eu e o M. passamos por um dos vários cartazes que António Costa espalhou pela capital. Fica muito intrigado a olhá-lo e, esta semana, resolveu fazer daquilo tema de conversa:
— Quem é, Mãe?
— O António Costa.
— Puquê que xe extá a rir?
— Boa pergunta, filho.
E rimo-nos então os dois. Aliás, desde esse momento, o M. não passa pelo Costa sem se rir à gargalhada. Quem diria que o sorriso do Costa podia ser tão contagioso?
Ontem, passámos pelo cartaz de Jerónimo de Sousa.
— Quem é, Mãe?
— O Jerónimo de Sousa.
— Qué que está ali a fajer?
— Campanha política.
— Puquê?
— Porque quer ser primeiro-ministro.
— Como o Fernando Pexoua? São muito parexidos.
Continuei a conduzir pela estrada fora e, enquanto imaginava o Pessoa a dar voltas no túmulo, ou que nem criança que chora na estrada, foi do Campos que me lembrei: "Rotineiros da revolução, passai! / Sufoco de ter só isto à minha volta! / Deixem-me respirar!" E abrimos todas as janelas. PIM!
Boa tarde
ResponderEliminarLisboa pintada com cartazes para mostrar sorrisos campanhas partidárias.
Não é só lá. Também aqui e mais além.
Ruas e praças estão demasiado coloridas,mas nada de projectos válidos.