Tanta culpa, tanta culpa, tanta, tanta, tanta, por ter deixado este meu blogue de porta fechada por uns tempos. Já tentei justificar-me com os bichos que me invadiram a casa — bichos feitos livros (e livros feitos bichos), sobre os quais prometi escrever aqui em breve. Cumprirei a promessa. Por agora, reabro a casa, que ficou desamparada como uma cabana de praia em dias de tempestade, para ir partilhando o que vai acontecer a 9 e 10 de Fevereiro na Gulbenkian. Anunciei-o aqui, no Facebook, quando saiu, na newsletter da Fundação Calouste Gulbenkian, a notícia sobre o colóquio É ENTÃO ISTO PARA CRIANÇAS?, que estou a comissariar a convite do Programa Gulbenkian de Língua e Cultura Portuguesas.
Nos próximos dias, até o colóquio arrancar, darei pistas sobre o que lá se vai passar. Por agora, deixo parte do texto de apresentação que escrevi:
É
então isto para crianças?
Criações
para a infância e a juventude
É
antiga a questão que dá título a este Colóquio: o que é afinal
uma criação para
a infância? Cria-se para
ou
será que o que é criado encontra naturalmente, na sua fase final e
última, aquele a quem se destina?
Deste
ponto parte o nosso Colóquio,
propondo aos intervenientes e ao público uma reflexão sobre as
motivações de um criador num momento em que as crianças ocupam, no
espaço público, um papel central: quase todos os museus e teatros
têm serviços educativos, os festivais de cinema e música
apresentam secções destinadas aos mais novos, multiplicam-se as
editoras que apostam em livros infanto-juvenis, assim como os
escritores e ilustradores... O que se pretende transmitir às
crianças com tantas actividades e com tantas possibilidades? Não
será certamente apenas uma forma de as entreter. Talvez seja acima
de tudo um modo de lhes revelar que, no que diz respeito à leitura
do mundo, não há fórmulas nem manuais de instruções; e talvez
seja ainda um modo de sublinhar a necessidade da partilha.
A
partilha apresenta-se, pois, como o mote para estes dois dias
dedicados à infância e à juventude. A partilha enquanto tópico
problemático na infância: por um lado, à medida que se descobre o
mundo, há uma necessidade de tudo partilhar, de comunicar; por outro
lado, ao se adquirir a consciência de que o mundo e as suas coisas
podem ser nossos, vai-se encarando a partilha como risco.
Assim
sendo, propõe-se aos criadores reunidos neste Colóquio que tragam
um livro, um filme, uma canção, em suma, uma criação para a
infância que os tenha influenciado, para que, partindo dela, nos
apresentem as suas respostas às perguntas que dão título a cada
uma das conversas deste Encontro. Pretende-se
com isto o cruzamento de vozes, a troca de experiências e modos de
criar; em suma: a partilha.
A partilha. Foi talvez o maior tesouro que trouxe da infância, quando o meu Avô Zeca me passava a mão pelo braço, o punho cerrado se a história era a do Leão Velho, as unhas à gato se a história era a do Leão Novo. Cresci sentada no dorso de um leão. Com a imaginação à solta. PIM!
Tenho muitas (e muito boas ) expectativas para estes dois dias. Que bom acontecerem !
ResponderEliminarObrigada, Dora!
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