quarta-feira, 18 de junho de 2014

Efémera, a da vida eterna. Ou as declinações da morte.

São uma dupla antiga. E regressam com um tema antigo. Daqueles que, em tempos moralistas, se evitaram na presença das criancinhas. A morte. A morte fitada nos olhos e virada desse igualmente incompreensível avesso que é a vida. A morte num livro negro de Eugénio Roda e Gémeo Luís.



Na minha família, sempre se falou da morte. Para nunca desistirmos de duvidar das suas motivações. Não conversar com as crianças sobre o tema é privá-las de compreender a vida, é privá-las de ir além dessa entediante e convencional cronologia do "princípio-meio-fim". Para além disso, houve a morte dos pássaros, a morte dos peixes, a morte do coelho, a morte das gatas, a morte dos cães. Houve a morte do Avô. Que continua a existir - a morte do Avô, a vida do Avô. Como a morte e a vida da Avó. E as da prima F.. E as do outro Avô. E as da Dona E., no princípio do esvaziamento do corpo B da Torre P. E depois as da outra Avó. E logo a seguir as da Babá. Houve todas estas mortes. E todas estas vidas. Se não falássemos delas, só teria havido mortes. Nunca as suas declinações. Como estas, que "Efémera" nos recorda:









Hoje, ao fim da tarde, a morte e a vida - mestres absolutos - servirão uma conversa moderada por Bento Amaral e Vasco Pinto Magalhães, a quem se juntam Eugénio Roda e Gémeo Luís. Às 18h, na Casa das Artes, no Porto.

Quem me dera lá estar. Conheço razoavelmente bem a morte e a vida. Melhor o Gémeo Luís, companheiro de várias histórias e chefe dessa bela família que são as edições eterogémeas. Sobre "Efémera", o livro, escrevi-lhe o seguinte:

«Efémera» é um livro incompleto. Como qualquer vida. Alguém a fecha e, todavia, ela subsiste, iluminada, nesse lugar escuro onde a memória se deixa contaminar pela imaginação. Esta é a grande corrida contra o tempo - onde não há linha de partida, nem meta. Há regresso, retorno, esse pequeno milagre de respirar de novo como quem (sobre)vive dentro da mão que escreve, da mão que desenha. Talvez toda a gente consiga abrir este livro, folheá-lo. Mas só está preparado para conhecer «Efémera» aquele que, depois de aprender no coração a morte, decora o caminho onde não se perde, só se partilha.

PIM!

2 comentários:

  1. Que estranho!!! Eu sei que o M. morde. E que bate. Mas, curiosamente, NUNCA me mordeu! Já recebi umas palmadinhas, é verdade. E fiquei muito séria a olhar para ele, e ele a olhar para mim com um olhar muito meigo e um sorriso lindo e tímido. E assim ficamos largos minutos, eu sem nada dizer, pelo menos vocalmente, e a tentar não me rir, e ele a olhar-me meigamente e com um sorrido tímido. Até que se farta e... parte para outra, que às vezes é dar-me beijinhos nas pernas. E pronto, deixo o ar sério e alinho nas brincadeiras. Quando pressente ou vê os pais, aí é a desgraça. Começam os disparates. Mas porque será que não me morde?

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    1. Porque a Avó M. nunca o contraria assim tanto que justifique levar uma mordidela. Ou então é por saber que, quem comete tal falha com um avô/uma avó comprometendo os mimos que chegam desses lados felizes, terá uma infância muito mais complicada. ;)

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